Como Organizar um Velório: Guia Prático Para Momentos Difíceis

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Organizar um velório é uma das tarefas mais difíceis que enfrentamos na vida. A cada ano, milhares de famílias brasileiras precisam lidar com essa responsabilidade em meio à dor da perda de um ente querido.

Entretanto, mesmo nos momentos mais desafiadores, é preciso tomar decisões importantes e cuidar de diversos aspectos práticos. Desde a escolha do local do velório até a documentação necessária, cada detalhe precisa ser considerado. Por isso, contar com um plano funeral pode fazer toda diferença nesse momento delicado.

Este guia prático foi criado para ajudar você a conduzir esse processo com mais segurança e tranquilidade, apresentando todas as etapas necessárias de forma clara e objetiva. Vamos abordar desde os primeiros procedimentos após o falecimento até os detalhes finais da cerimônia.

O que fazer imediatamente após o falecimento

Lidar com um falecimento exige ações imediatas, mesmo em meio à dor da perda. Os primeiros passos após o óbito são fundamentais para garantir que todos os procedimentos legais sejam seguidos corretamente e que a cerimônia de despedida ocorra de maneira digna e conforme os desejos do falecido e seus familiares.

A primeira providência após um falecimento é a verificação oficial do óbito e a obtenção do atestado ou declaração de óbito, documento essencial para os demais procedimentos. O processo varia conforme o local do falecimento:

Falecimento em hospital: Quando a morte ocorre em ambiente hospitalar, a própria instituição se encarrega de emitir o atestado de óbito, geralmente pelo médico que acompanhava o paciente ou pelo médico plantonista.

Falecimento em domicílio: Caso o óbito aconteça em casa, é necessário contatar um serviço de apoio à saúde, como o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros (193) para realizar a remoção do corpo até o hospital mais próximo, onde um médico fará a constatação do óbito e emitirá o documento. Se a pessoa falecida era acompanhada por um médico de família, este profissional também pode emitir o atestado, indicando a causa natural da morte.

Mortes violentas ou suspeitas: Nestes casos, a Polícia Militar deve ser acionada pelo número 190. O corpo precisará passar por uma investigação realizada pelo Instituto Médico Legal (IML), que será responsável pela expedição do atestado após a perícia necessária.

Após a obtenção do atestado de óbito, o próximo passo é dirigir-se a um Cartório de Registro Civil para emitir a Certidão de Óbito. Este documento é indispensável para os procedimentos subsequentes, incluindo sepultamento, cremação, inventário e questões previdenciárias. O prazo legal para registrar o óbito é de até 15 dias após o falecimento, embora o ideal seja fazê-lo nas primeiras 24 horas.

Contato com funerária ou plano funerário

Com o atestado de óbito em mãos, o próximo passo é contatar uma funerária ou acionar o plano funerário, se houver. Este contato deve ser feito o quanto antes para iniciar os preparativos do velório:

Para quem possui plano funeral: Entre em contato diretamente com a empresa prestadora do serviço através do telefone de plantão. Informe o falecimento e a empresa orientará sobre os próximos passos, incluindo documentação e procedimentos.

Para quem não possui plano funeral: Será necessário contratar uma funerária para realizar os serviços. A escolha deve considerar aspectos como reputação, custos e serviços oferecidos. A funerária cuidará da preparação do corpo, ornamentação, translado e outros serviços necessários.

Neste momento, também é preciso decidir entre sepultamento tradicional ou cremação. Para cremação, geralmente é necessária a assinatura de dois médicos na declaração de óbito, além de verificar se há manifestação prévia de vontade do falecido ou concordância familiar.

Informar familiares e amigos próximos

Paralelamente aos procedimentos legais e funerários, é fundamental comunicar o falecimento aos familiares e amigos próximos:

Elabore uma lista de pessoas que devem ser informadas prioritariamente

Escolha o meio de comunicação adequado, dando preferência ao contato pessoal ou telefônico para os mais próximos

Forneça informações essenciais como data, hora e local do velório e do sepultamento ou cremação

A comunicação deve ser feita com sensibilidade e respeito. Uma nota de falecimento pode ser redigida e compartilhada para informar um círculo mais amplo de conhecidos. Este comunicado geralmente inclui o nome da pessoa falecida, data do falecimento e informações sobre o velório e cerimônia de despedida.

Ao informar as pessoas, esteja preparado para oferecer suporte emocional, pois cada pessoa pode reagir de maneira diferente à notícia. Ademais, transmita de forma clara os detalhes práticos da cerimônia, permitindo que aqueles que desejam prestar suas últimas homenagens possam se organizar adequadamente.

Documentos e decisões legais necessárias

Após os primeiros contatos com a funerária, é necessário organizar a documentação legal para prosseguir com o velório e sepultamento. A burocracia pode parecer intimidadora, porém conhecer os requisitos antecipadamente ajuda a conduzir esse momento com mais tranquilidade.

Documentos obrigatórios para o velório

Para realizar um velório, alguns documentos são fundamentais e devem ser apresentados à funerária escolhida:

Documentos do falecido:

Declaração ou Atestado de Óbito (emitido por médico, hospital, SVO ou IML)

Documento de identidade (RG)

CPF

Certidão de Nascimento (para solteiros) ou Certidão de Casamento (para casados)

Documentos do responsável declarante:

Documento de identidade (RG)

CPF

Comprovante de residência

O atendente da funerária utilizará essas informações para preencher a documentação necessária e encaminhá-la ao Cartório de Registro Civil onde ocorreu o falecimento. A Certidão de Óbito definitiva geralmente fica disponível para retirada no cartório após cinco dias úteis.

Além desses documentos, é recomendável verificar se o falecido possuía plano funeral ou seguro, pois isso pode facilitar o processo e reduzir custos.

Diferença entre sepultamento e cremação

A escolha entre sepultamento e cremação é uma decisão pessoal, influenciada por fatores culturais, religiosos, emocionais e financeiros. Cada opção apresenta diferenças significativas em termos de documentação e procedimentos:

Sepultamento:

Processo burocrático mais simples

Requer apenas um médico para assinar o atestado de óbito

Oferece um local físico para visitas e homenagens

Pode ser realizado em quadras gerais, túmulo familiar ou em outros municípios

Cremação:

Exige documentação mais extensa

Necessita de assinatura de dois médicos no atestado de óbito

Em caso de morte natural, precisa de autorização assinada por cônjuge, ascendentes, descendentes ou irmãos maiores de idade

Para morte violenta ou suspeita, exige autorização judicial, laudo do IML, boletim de ocorrência e declaração do delegado responsável

No Brasil, qualquer pessoa pode optar pelo sepultamento tradicional. Entretanto, para a cremação, é necessário que a pessoa tenha registrado essa vontade em vida por meio de uma “Declaração de Vontade” em cartório ou que um familiar de primeiro grau autorize o procedimento.

Autorização e prazos legais

Os prazos legais para o sepultamento ou cremação são regulamentados e devem ser rigorosamente observados:

No Brasil, a Lei nº 6.015/1973 determina que o sepultamento deve ocorrer no máximo 36 horas após o óbito

Alguns municípios permitem sepultamentos antes do intervalo mínimo de 24 horas, mediante apresentação do atestado de óbito e guia de sepultamento

Procedimentos para aquisição do jazigo:

Verificar se a família já possui concessão de uso em algum cemitério municipal

Para utilizar um túmulo existente, é necessário apresentar a “Carta de Concessão” ou comprovar parentesco com a família concessionária

Caso não possua, é possível adquirir a concessão no momento da contratação do funeral ou optar pelo aluguel do terreno por três anos

É fundamental também cuidar do encerramento de documentos pessoais do falecido. O Cartório de Registro Civil normalmente comunica o óbito à Receita Federal e à Secretaria de Segurança Pública para baixa do CPF e documentos de identidade. Quanto ao INSS, a comunicação é obrigatória quando o falecido era segurado, sob pena de responder por crime de estelionato.

Ao seguir corretamente os trâmites legais e respeitar os prazos estabelecidos, a família garante que a despedida ocorra de maneira digna e dentro das normas vigentes, evitando problemas futuros relacionados à documentação.

Escolha do local e estrutura do velório

A escolha do local para o velório representa uma decisão importante que influencia toda a cerimônia de despedida. Este momento sagrado, onde familiares e amigos se reúnem para prestar homenagens, merece um ambiente que proporcione conforto e dignidade a todos os presentes.

Como escolher o local ideal

A localização é o primeiro aspecto a considerar. O ideal é optar por um ambiente de fácil acesso para todas as pessoas que participarão da cerimônia. Avalie se o espaço comporta adequadamente o número esperado de visitantes, principalmente se o falecido tinha grande representatividade na comunidade.

As opções mais comuns incluem:

Capelas funerárias: espaços especialmente preparados para velórios, geralmente localizados fora dos cemitérios

Cemitérios: muitos possuem salas velatórias próprias

Residências: uma escolha mais íntima para famílias que preferem um ambiente pessoal

Igrejas ou templos religiosos: ideais para cerimônias com tradições religiosas específicas

Verifique também a infraestrutura oferecida, incluindo banheiros, cantinas e condições de ventilação. Caso o velório ocorra em local diferente do sepultamento ou cremação, certifique-se de garantir o traslado do corpo.

Duração e horários recomendados

Tradicionalmente, os velórios no Brasil duravam entre 6 a 24 horas. Atualmente, observa-se uma tendência de cerimônias mais curtas, geralmente entre 2 a 4 horas. A família pode determinar o período que julgar apropriado, considerando:

A necessidade de permitir que familiares distantes cheguem a tempo

Restrições legais locais quanto a horários (algumas localidades proíbem velórios noturnos abertos ao público)

Preferências culturais e religiosas (algumas tradições têm durações específicas, como a Shivá judaica que pode durar até 7 dias)

Por questões de praticidade, é recomendável realizar o velório durante o dia, embora não exista impedimento para cerimônias noturnas, desde que respeitadas as regulamentações locais.

Itens essenciais: flores, velas, fotos

A ornamentação do local cria uma atmosfera de serenidade e conforto para todos. Os itens mais importantes incluem:

Flores: desempenham papel significativo na ornamentação. Prefira arranjos que tenham significado especial para o falecido ou que simbolizem amor, paz e memória eterna. Rosas brancas, lírios e crisântemos são escolhas tradicionais.

Espaço para homenagens: reserve uma área para compartilhar memórias, com álbuns de fotos, um livro de condolências ou um quadro onde os presentes possam escrever mensagens especiais.

Toques pessoais: adicione elementos que celebrem a vida e personalidade do falecido, como fotografias, objetos de interesse pessoal, prêmios ou lembranças de momentos significativos. Esses detalhes criam uma atmosfera mais íntima e significativa.

Velas: proporcionam iluminação suave e têm significado simbólico em muitas tradições religiosas.

Lembre-se de respeitar as preferências culturais e religiosas da família ao planejar a ornamentação, incorporando símbolos e tradições específicas que proporcionem conforto adicional aos enlutados.

Organização da cerimônia e homenagens

A cerimônia de despedida representa um momento de conexão emocional e honra ao falecido. Preparar homenagens que reflitam a essência da pessoa que partiu traz conforto e significado para todos os presentes.

Discursos e orações

Um discurso ou elegia durante o velório constitui uma forma poderosa de expressar sentimentos e memórias. Para criar uma homenagem respeitosa:

Compartilhe histórias significativas sobre a pessoa

Mencione qualidades e ensinamentos que deixou

Expresse com sinceridade, mesmo quando a emoção surgir

As orações, especialmente em cerimônias religiosas, oferecem consolo espiritual aos presentes. Conforme a crença do falecido, pode-se optar pela missa de sétimo dia, orações específicas ou textos sagrados relevantes para a família.

Músicas e vídeos de lembrança

A música possui o poder extraordinário de expressar o que muitas vezes não conseguimos colocar em palavras. Escolher canções significativas para o momento do velório ajuda a ressignificar memórias e acalentar corações. Entre as opções mais comuns estão:

Músicas instrumentais para criar ambiente de serenidade

Canções que eram favoritas do falecido

Obras que transmitem mensagens de conforto ou esperança

Além disso, vídeos com fotografias ou momentos marcantes constituem uma homenagem visual impactante. Plataformas como o Canva oferecem ferramentas gratuitas para criar tributos audiovisuais que podem ser compartilhados durante a cerimônia ou nas redes sociais.

Rituais religiosos ou laicos

As cerimônias podem seguir tradições religiosas específicas ou assumir formato mais personalizado. Rituais religiosos variam conforme a fé – católicos frequentemente realizam missas; evangélicos preferem orações e leituras bíblicas; espíritas mantêm equilíbrio emocional através de preces específicas.

Já as homenagens laicas podem incluir símbolos significativos como chuva de pétalas durante o encerramento do velório, cantos especiais ou apresentações de músicas favoritas. Independentemente da escolha, o importante é que a cerimônia reflita genuinamente a personalidade e valores da pessoa homenageada, proporcionando um momento significativo de despedida.

Cuidados com os enlutados e logística final

A fase final do velório demanda atenção tanto aos aspectos emocionais quanto aos procedimentos logísticos que encerram este momento de despedida. Mesmo após as homenagens, ainda existem cuidados essenciais a serem considerados.

Acolhimento emocional dos familiares

O suporte emocional aos enlutados não termina com o fim da cerimônia. Cada pessoa vivencia o luto de forma única, com intensidade e expressões diferentes, por isso o respeito ao tempo de cada um é fundamental. O acolhimento pode acontecer de diversas formas:

Esteja fisicamente presente, mesmo em silêncio

Pratique a escuta ativa, sem julgamentos ou interrupções

Ofereça ajuda prática com tarefas cotidianas

Valide os sentimentos expressos, sem tentar “consertar” a dor

Incentive o autocuidado e, quando necessário, sugira apoio profissional

Existem grupos de apoio como o PROALU que oferecem acolhimento breve ao luto através de atendimentos pontuais, auxiliando as pessoas a identificarem recursos psíquicos para lidar com as dores do processo de perda.

Transporte e sepultamento

A logística do transporte funerário deve ser cuidadosamente organizada. O cortejo fúnebre, que é a procissão que acompanha o corpo até o local de sepultamento ou cremação, serve como um ritual de despedida final.

Para distâncias curtas, normalmente utiliza-se transporte terrestre, com carros fúnebres adequados. Quando o corpo precisa ser levado para outra cidade, estado ou país, o transporte aéreo torna-se necessário, seguindo normas específicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Durante o cortejo, os carros devem manter baixa velocidade e deixar o pisca-alerta ligado. A família e amigos próximos geralmente têm prioridade para permanecer mais próximos ao caixão neste momento.

Encerramento e agradecimentos

Após o funeral, é recomendável enviar agradecimentos àqueles que ofereceram apoio. As notas de agradecimento não precisam ser longas, apenas mostrar que você reconhece e valoriza a ajuda recebida. Idealmente, devem ser enviadas em até duas semanas após o funeral.

Também é importante encerrar contas bancárias e documentos do falecido, apresentando a Certidão de Óbito às instituições financeiras para evitar o uso indevido de dados. Esse procedimento deve ser realizado pelos familiares mais próximos, sendo parte importante do encerramento do processo.

O momento final de um velório marca não apenas a despedida do ente querido, mas também o início de uma nova fase para os familiares, que precisarão de tempo e espaço para elaborar seu luto e gradualmente retomar suas rotinas.

Conclusão

Organizar um velório representa um dos momentos mais desafiadores que uma família enfrenta. Portanto, conhecer os procedimentos necessários ajuda a conduzir esse processo com mais serenidade e dignidade.

A preparação adequada, desde os primeiros momentos após o falecimento até os rituais finais de despedida, permite que familiares e amigos concentrem sua energia no que realmente importa: prestar as últimas homenagens ao ente querido.

Certamente, cada detalhe importa – documentação correta, escolha do local apropriado, organização das homenagens e, acima de tudo, o cuidado com o bem-estar emocional dos enlutados. Assim, mesmo nos momentos de profunda tristeza, é possível proporcionar uma despedida significativa e reconfortante.

Finalmente, lembre-se que não existe forma certa ou errada de vivenciar o luto. Cada pessoa e cada família encontrará seu próprio caminho para lidar com a perda, sempre respeitando suas crenças, tradições e sentimentos particulares.

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