Impactos Positivos e Negativos da Tecnologia na Saúde Mental dos Idosos

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A tecnologia tem uma influência profunda na vida moderna, especialmente quando se trata da saúde mental dos idosos. Com o avanço da idade, muitos enfrentam desafios como solidão e isolamento social, mas a tecnologia oferece novas formas de conexão e apoio. A inclusão digital dos idosos tornou-se crucial, principalmente após a pandemia de COVID-19, que acelerou a adoção de ferramentas digitais para interação social e cuidados de saúde.

O impacto da tecnologia na saúde mental dos idosos é complexo e multifacetado. Este artigo explora os benefícios, como o acesso à telemedicina e redes sociais para combater a solidão, bem como os riscos potenciais do uso excessivo de smartphones e internet. Além disso, examina estratégias para usar a tecnologia de forma saudável, promovendo o envelhecimento ativo e melhorando a qualidade de vida dos idosos. Ao entender como a tecnologia afeta o bem-estar mental, podemos aproveitar seu potencial para apoiar a saúde psicológica e a estimulação cognitiva na terceira idade.

Benefícios da tecnologia para a saúde mental dos idosos

A tecnologia tem um papel cada vez mais importante na manutenção da saúde mental, especialmente para os idosos. Com o avanço da idade, muitos enfrentam desafios como solidão e isolamento social, mas a tecnologia oferece novas formas de conexão e apoio. A inclusão digital dos idosos tornou-se crucial, principalmente após a pandemia de COVID-19, que acelerou a adoção de ferramentas digitais para interação social e cuidados de saúde.

Maior conexão social

As redes sociais permitem que idosos mantenham contato com familiares e amigos, especialmente aqueles que vivem longe. Plataformas como Facebook, WhatsApp e Instagram são ótimas para compartilhar momentos especiais e acompanhar o dia a dia dos entes queridos. A interação com tecnologias digitais pode aumentar a autoestima dos idosos, pois eles se sentem mais conectados e capazes de acompanhar as mudanças do mundo moderno.

Através da utilização da tecnologia, tais como as ferramentas das redes sociais ou a realidade virtual, os idosos podem ver uma diminuição da solidão e, por sua vez, experimentar uma melhor saúde mental e física. A tecnologia facilita a vida aos idosos para se manterem em contacto com famílias a longa distância, viverem independentemente, ou simplesmente obterem ajuda quando precisam dela.

Acesso à informação e serviços de saúde

A internet oferece um vasto repositório de informações sobre praticamente qualquer assunto. Cursos online, vídeos educacionais e artigos podem ser acessados facilmente, promovendo aprendizado contínuo e estimulando a mente. Além disso, a tecnologia em saúde é uma grande aliada no envelhecimento com qualidade. A Telemedicina possibilita atendimento a distância, e há uma grande oferta de aplicativos relacionados à agenda de medicamentos e exercícios físicos que melhoram as condições de mobilidade.

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que garante à pessoa idosa assistência de saúde remota por meio de aplicativo nacionalmente padronizado e outros canais digitais oficiais. Esses aplicativos terão funcionalidades como monitoramento de indicadores de saúde, envio de lembretes para medicamentos e consultas médicas, possibilidade de consultas médicas remotas e funcionalidade para solicitações de emergência.

Estímulo cognitivo

Aplicativos e jogos projetados para estimular a mente oferecem uma forma divertida e eficaz de exercitar o cérebro. Esses recursos ajudam a melhorar a memória, a agilidade mental e as habilidades de resolução de problemas. Quando se trata de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, a tecnologia tem um papel crucial tanto na prevenção quanto no tratamento.

Um grupo de gerontólogos formados pela USP observou que a utilização de jogos eletrônicos tem influência positiva na manutenção da capacidade cognitiva em idosos. Entre os resultados encontrados estão a melhora no domínio da linguagem e na memória, a diminuição da ansiedade e o aumento da satisfação com a vida. Os pesquisadores constataram que quem realizou o treinamento com jogos eletrônicos apresentou uma melhora significativa em comparação aos integrantes do grupo que não participou das atividades.

A estimulação cognitiva é um valioso recurso para o processo de cuidado, pois mantém as funções mentais, motoras e sociais existentes e permite que elas compensem as funções comprometidas. Além disso, as estratégias de estimulação mantêm a saúde cognitiva e a capacidade de pensar com clareza e tomar decisões, algo crucial para a vitalidade e o bem-estar na velhice, pois melhora a memória e o raciocínio.

Em conclusão, a tecnologia oferece uma série de benefícios para a saúde mental dos idosos, desde promover a conexão social até fornecer ferramentas para estimulação cognitiva. À medida que a população idosa continua a crescer, é essencial aproveitar esses recursos tecnológicos para promover um envelhecimento ativo e saudável.

Riscos do uso excessivo de tecnologia pelos idosos

Embora a tecnologia ofereça muitos benefícios para a saúde mental dos idosos, o uso excessivo pode trazer riscos significativos. É importante estar ciente desses perigos para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma equilibrada e saudável na terceira idade.

Isolamento social

Paradoxalmente, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode levar ao isolamento social entre os idosos. Apesar de a tecnologia permitir conexões virtuais, ela pode substituir interações presenciais importantes. Muitos idosos passam tempo demais online, o que resulta em menos contato face a face com familiares e amigos. Isso pode intensificar sentimentos de solidão e depressão.

A interação pessoal tem um papel crucial na saúde mental dos idosos. O contato direto com entes queridos promove uma atitude mais positiva em relação à vida e fortalece a sensação de apoio. Quando a tecnologia substitui essas interações, os idosos podem se sentir desconectados do mundo real e de suas relações afetivas.

Ansiedade e depressão

O uso excessivo de telas está associado a uma piora na saúde mental, independentemente da idade. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou a presença inesperada de nomofobia (medo de ficar longe do celular) em idosos. Isso pode ser atribuído ao aumento do tempo em frente às telas após a pandemia de COVID-19.

Durante a pandemia, as tecnologias digitais, como e-mails e chamadas de vídeo, foram associadas a sentimentos de depressão e ansiedade entre os idosos. Embora essas ferramentas tenham sido essenciais para manter conexões, elas podem não ter atendido adequadamente às necessidades emocionais dos idosos.

O consumo de conteúdos inadequados também pode afetar negativamente a saúde mental. Por exemplo, idosos que assistem a conteúdos violentos na televisão podem experimentar um aumento nos níveis de ansiedade e depressão.

Problemas de sono

O uso excessivo de tecnologia pode causar problemas significativos de sono em idosos. A luz emitida pelas telas dos dispositivos eletrônicos interfere na produção de melatonina, o hormônio responsável por regular o ciclo sono-vigília 9.

Um estudo publicado no Caderno de Saúde Pública (CSP) em 2023 mostrou que idosos solitários são mais vulneráveis à insônia, maior fragmentação do sono, menor duração do sono, inatividade diurna e necessidade de medicamentos para dormir 10.

Além disso, o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir pode aumentar a estimulação mental, dificultando o relaxamento necessário para um sono reparador. Isso é particularmente preocupante para idosos, que já tendem a enfrentar distúrbios do sono como apneia obstrutiva, insônia e síndrome das pernas inquietas 10.

Para mitigar esses riscos, é fundamental promover um uso equilibrado da tecnologia entre os idosos. Isso inclui estabelecer limites de tempo para o uso de dispositivos, incentivar atividades offline e socialização presencial, e educar sobre os efeitos da luz azul no sono. Também é importante oferecer suporte para que os idosos aprendam a usar a tecnologia de forma saudável e benéfica, aproveitando seus aspectos positivos sem cair nos excessos que podem prejudicar sua saúde mental e bem-estar geral.

Estratégias para o uso saudável da tecnologia na terceira idade

Para garantir que os idosos aproveitem os benefícios da tecnologia sem cair em armadilhas, é essencial adotar estratégias que promovam um uso saudável e equilibrado. Essas abordagens podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar mental dos idosos, ao mesmo tempo em que minimizam os riscos associados ao uso excessivo ou inadequado da tecnologia.

Educação digital para idosos

A educação digital é fundamental para capacitar os idosos a utilizar a tecnologia de forma segura e eficaz. Programas de inclusão digital adaptados às necessidades específicas da terceira idade podem ajudar a superar barreiras e medos relacionados ao uso de dispositivos eletrônicos. O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP) oferece um curso a distância que ensina idosos a usar smartphones e tablets, com o auxílio de um tutor familiar. Essa abordagem permite que os idosos aprendam no seu próprio ritmo e em um ambiente de apoio.

O curso aborda temas como configurações de smartphones, uso de aplicativos de comunicação como WhatsApp e Instagram, e práticas com aplicações de interesse do público-alvo. Isso inclui realizar chamadas telefônicas, enviar mensagens, gerenciar contatos, configurar alarmes, e utilizar recursos de fotos, música e vídeos. Essa educação digital abrangente ajuda os idosos a se sentirem mais confiantes e autônomos no uso da tecnologia.

Estabelecimento de limites de uso

É crucial estabelecer limites saudáveis para o uso da tecnologia, evitando o abuso que pode levar a problemas de saúde mental. Um exemplo disso é o caso apresentado pela psicóloga Cecília Galetti, de uma paciente idosa que desenvolveu um vício em internet, afetando negativamente sua saúde e comportamento social. Para prevenir situações semelhantes, é importante criar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e outras atividades offline.

Os cuidadores e familiares podem ajudar a estabelecer rotinas que incluam o uso moderado de dispositivos eletrônicos, intercalando com atividades físicas, sociais e de lazer. Isso pode incluir definir horários específicos para o uso de smartphones ou computadores, evitando o uso excessivo antes de dormir para não interferir no sono.

Atividades offline complementares

Para manter um equilíbrio saudável, é essencial incentivar atividades offline que complementem o uso da tecnologia. Isso pode incluir a participação em grupos de convivência, prática de exercícios físicos, leitura de livros impressos, jogos de tabuleiro e outras atividades que estimulem a interação social presencial e a atividade cognitiva.

Um exemplo interessante é o projeto Estação Ativamente da USP, que utiliza jogos eletrônicos inspirados em práticas japonesas, como o taiko, um tambor de percussão. Esses jogos combinam atividade física e estimulação cognitiva, resultando em benefícios significativos para a saúde mental dos idosos. De acordo com a Dra. Thaís Bento Lima da Silva, gerontóloga da USP, o uso dessas plataformas digitais pode melhorar o raciocínio e as estratégias de retenção de memória episódica dos idosos.

Ao implementar essas estratégias, é possível promover um uso saudável da tecnologia na terceira idade, aproveitando seus benefícios para a saúde mental e o bem-estar geral dos idosos. A combinação de educação digital, limites de uso e atividades offline complementares pode ajudar a criar uma relação equilibrada e positiva com a tecnologia, contribuindo para um envelhecimento ativo e conectado.

Conclusão

A tecnologia tem uma influência significativa na saúde mental dos idosos, oferecendo benefícios como maior conexão social, acesso à informação e estímulo cognitivo. No entanto, seu uso excessivo pode levar a riscos como isolamento, ansiedade e problemas de sono. Para aproveitar o melhor da tecnologia, é crucial adotar estratégias como educação digital, estabelecimento de limites e atividades offline complementares.

No fim das contas, o uso equilibrado da tecnologia pode melhorar a qualidade de vida dos idosos, promovendo um envelhecimento ativo e conectado. Ao combinar os benefícios da tecnologia com interações sociais presenciais e atividades tradicionais, os idosos podem desfrutar de uma vida mais rica e satisfatória. O desafio está em encontrar o equilíbrio certo, garantindo que a tecnologia seja uma ferramenta para melhorar o bem-estar, não um substituto para conexões humanas significativas.

 

FAQs

  1. Como a tecnologia influencia a vida dos idosos? A tecnologia pode afetar negativamente os idosos, especialmente no que diz respeito ao sono, pois o uso prolongado de dispositivos tecnológicos pode retardar o processo de indução ao sono devido à atividade cerebral intensa. Além disso, o uso constante pode causar problemas visuais devido à exposição prolongada às telas.
  2. Qual é o impacto geral da tecnologia na saúde mental das pessoas? Nos últimos anos, observou-se que o uso excessivo de tecnologia e redes sociais está diretamente relacionado ao aumento de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e estresse. Um dos impactos mais notáveis é o aumento do uso de mídias sociais.
  3. Quais são os principais desafios enfrentados pelos idosos ao usar tecnologia? Os idosos frequentemente enfrentam várias dificuldades ao usar tecnologia, incluindo o medo de cometer erros como deletar arquivos importantes, dificuldades em aprender e memorizar funções, e o medo de não ser capaz de usar os dispositivos adequadamente. Esses medos podem ser exacerbados por experiências negativas anteriores com tecnologia.
  4. Quais são os efeitos prejudiciais da tecnologia na saúde mental? A tecnologia pode levar a vários problemas de saúde mental, como dependência de mídias sociais, exposição excessiva em redes, e consequências como distúrbios do sono, ansiedade, depressão, insatisfação corporal, solidão, medo, pressão social, agressão e até violência, podendo em casos extremos levar ao suicídio.

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