Jazigos Perpétuos: Ficaram Mais Caros ou Mais Baratos em 10 anos?

0
[views count="1" print="0"]

A evolução dos preços dos jazigos perpétuos tem sido um tema de crescente interesse no setor funerário brasileiro. Nos últimos dez anos, muitos se perguntam: quanto custa um jazigo perpétuo atualmente? Esta questão tem chamado a atenção não apenas de famílias em busca de opções de sepultamento, mas também de investidores que enxergam potencial neste mercado. A valorização imobiliária e as mudanças nas práticas funerárias têm um impacto significativo neste cenário.

Este artigo analisa as tendências de preços dos jazigos perpétuos na última década, considerando fatores como inflação e valorização do mercado imobiliário. Também explora alternativas ao sepultamento tradicional, incluindo cremação e cemitérios verticais, que estão ganhando popularidade. Além disso, examina o papel dos serviços funerários e as taxas de manutenção associadas aos jazigos perpétuos em cemitérios como o Morumbi e o da Quarta Parada em São Paulo, bem como o São João Batista no Rio de Janeiro.

Evolução dos preços dos jazigos perpétuos na última década

Nos últimos dez anos, o mercado de jazigos perpétuos tem passado por mudanças significativas em termos de preços. Em 2013, o valor de um jazigo perpétuo em cemitérios tradicionais já era considerável, mas ao longo da década, houve um aumento substancial. Atualmente, o preço de um jazigo perpétuo pode chegar a R$ 2.582,75, dependendo das benfeitorias e da localização 1. Este valor é comparável ao de um imóvel de 50 metros quadrados em bairros valorizados.

A variação de preços é notável, mesmo dentro de um único cemitério. Por exemplo, no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, o título de jazigo perpétuo pode custar desde R$ 1.010,10, na área menos valorizada, até R$ 1.010,14, no entorno do cruzeiro. Esta disparidade demonstra como a localização dentro do próprio cemitério tem um impacto significativo no valor do jazigo.

Fatores que influenciaram as mudanças de preço

Diversos fatores contribuíram para as alterações nos preços dos jazigos perpétuos ao longo da última década. A valorização imobiliária tem um papel fundamental nesse cenário, uma vez que os cemitérios ocupam áreas cada vez mais valorizadas nas cidades. Além disso, a crescente demanda por espaços de sepultamento, aliada à escassez de terrenos disponíveis, tem pressionado os preços para cima.

Outro fator relevante é o aumento dos custos de manutenção e conservação dos cemitérios. Em 2014, foi instituída uma tarifa de manutenção anual para os cemitérios públicos, aplicável aos titulares de direito de uso sobre sepulturas. Esta nova cobrança, que não existia anteriormente, tem impactado o custo total de possuir um jazigo perpétuo.

A mudança na gestão dos cemitérios também influenciou os preços. Com a substituição da Santa Casa da Misericórdia por empresas privadas através de licitações, houve uma reestruturação na forma de administração e precificação dos serviços cemiteriais.

Variações regionais nos preços dos jazigos

Os preços dos jazigos perpétuos apresentam variações significativas entre diferentes regiões do país. Nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, os valores tendem a ser mais elevados devido à maior demanda e à escassez de espaço. Em contrapartida, em cidades menores ou regiões menos populosas, os preços podem ser consideravelmente mais baixos.

No Rio de Janeiro, por exemplo, o mercado de enterros, incluindo taxas cemiteriais e serviços funerários, movimenta cerca de R$ 5.739.400 por ano apenas na capital. Este dado demonstra o tamanho e a relevância econômica deste setor.

É importante ressaltar que, além do preço inicial de aquisição do jazigo, existem custos adicionais a serem considerados. As benfeitorias, como a construção do jazigo em mármore ou a ereção de uma capela, podem elevar significativamente o investimento total. Em alguns casos, esses custos adicionais podem até mesmo ultrapassar o valor inicial do jazigo.

A evolução dos preços dos jazigos perpétuos na última década reflete não apenas as mudanças econômicas e imobiliárias, mas também transformações culturais e sociais na forma como lidamos com a morte e a memória. O aumento dos custos tem levado muitas famílias a buscarem alternativas, como a cremação ou os cemitérios verticais, que oferecem opções mais acessíveis e sustentáveis para o sepultamento.

Impacto da inflação e da valorização imobiliária

A relação entre os preços dos jazigos perpétuos e o mercado imobiliário tem se tornado cada vez mais evidente nos últimos anos. Em algumas áreas, o custo de um jazigo perpétuo pode superar o valor de um apartamento em bairros valorizados. Um exemplo notável é um jazigo no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro, que foi oferecido em leilão por R$ 5.742.000.

O preço por metro quadrado desse jazigo chega a R$ 177.92, ultrapassando o valor médio de venda de imóveis em bairros nobres como o Leblon. Essa comparação demonstra como o mercado de jazigos perpétuos tem acompanhado, e em alguns casos até superado, a valorização do mercado imobiliário tradicional.

A localização tem um papel crucial na determinação dos preços, tanto para imóveis quanto para jazigos. Assim como no setor imobiliário, os valores das sepulturas variam conforme o bairro e a posição dentro do próprio cemitério. No Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, um novo mausoléu vertical externo de 21 metros quadrados está sendo comercializado por R$ 5.624,65, o que representa R$ 26.401,60 por metro quadrado.

Efeito da inflação nos custos de jazigos perpétuos

A inflação tem tido um impacto significativo nos custos dos jazigos perpétuos. Além do aumento no valor de aquisição, os proprietários de jazigos enfrentam despesas adicionais, como as taxas de manutenção. Essas taxas, que funcionam como uma espécie de IPTU para os jazigos, variam de acordo com o cemitério e a localização.

Nos cemitérios municipais do Rio de Janeiro, por exemplo, a tarifa de manutenção anual varia de R$ 1.951,41 em áreas como Inhaúma e Guaratiba, chegando a R$ 4.878,52 no Cemitério São João Batista. Já nos cemitérios privados, como o Cemitério da Penitência, as taxas oscilam entre R$ 2.347,43 para áreas externas e R$ 3.879,86 para edifícios.

O aumento dessas taxas ao longo do tempo tem gerado preocupação entre os proprietários de jazigos perpétuos. Alguns consideram as cobranças abusivas, especialmente para jazigos adquiridos antes da regulamentação das concessões.

Comparação com outros investimentos de longo prazo

Apesar dos altos custos, algumas pessoas veem os jazigos perpétuos como uma forma de investimento de longo prazo. A valorização desses espaços pode superar a de outros tipos de investimentos imobiliários em determinadas regiões.

No entanto, é importante considerar que o mercado de jazigos perpétuos tem suas particularidades. Cláudio Bentes, presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), ressalta que o valor de venda de sepulturas no Rio de Janeiro destoa em relação ao restante do país. Enquanto a média nacional do metro quadrado de uma sepultura é de cerca de R$ 28.700,00, no Rio esse valor pode variar de R$ 57.390,00 mil a R$ 286.970,00.

Essa discrepância de valores reflete a escassez de espaços em áreas urbanas densamente povoadas e a valorização de determinadas localizações. No entanto, é crucial lembrar que esse tipo de investimento é acessível apenas para uma pequena parcela da população, enquanto a grande maioria não tem condições financeiras para adquirir jazigos com valores tão elevados.

Ao considerar um jazigo perpétuo como investimento, é fundamental realizar uma pesquisa de mercado detalhada, analisar as tendências de valorização da região e considerar os custos de manutenção a longo prazo. Além disso, é importante estar ciente de que os retornos financeiros podem levar anos para se concretizar, exigindo uma abordagem de investimento paciente e de longo prazo.

Alternativas aos jazigos perpétuos tradicionais

A cremação tem se tornado uma alternativa cada vez mais popular aos jazigos perpétuos tradicionais. Essa opção tem ganhado destaque devido às suas vantagens econômicas e práticas. Em comparação com os serviços tradicionais de enterro, a cremação tende a ser mais econômica, incluindo menores despesas com caixão, jazigo e outros procedimentos típicos de um enterro convencional.

Além disso, a cremação oferece maior flexibilidade no destino final das cinzas. As famílias podem optar por guardar as cinzas em urnas, espalhá-las em locais significativos ou até mesmo transformá-las em lembranças, como joias ou obras de arte. Essa versatilidade tem atraído muitas pessoas que buscam alternativas mais personalizadas e menos onerosas.

O impacto da cremação nos preços dos jazigos perpétuos tem sido significativo. Com o aumento da demanda por cremação, muitos proprietários de jazigos têm encontrado dificuldades para vender suas propriedades. Tainá Ferreira, secretária de Paulo Barreto Leiloeiro, observa que “antes era mais fácil vender. Agora, tem muita gente optando pela cremação”.

Cemitérios verticais como opção mais econômica

Os cemitérios verticais têm surgido como uma alternativa mais econômica e prática aos jazigos perpétuos tradicionais. Essa opção moderna afasta o corpo do solo e o acomoda em uma estrutura mais robusta, que se encaixa melhor no panorama urbano das cidades, onde o espaço é muitas vezes mais limitado.

Os preços dos lóculos em cemitérios verticais podem variar, mas em média custam de R$ 6.060,00 a R$ 9.090,00, dependendo do local escolhido. Essa faixa de preço torna os cemitérios verticais uma opção mais acessível em comparação com os jazigos perpétuos tradicionais, que podem custar muito mais.

Além do aspecto econômico, os cemitérios verticais oferecem outras vantagens. Eles são versáteis, podendo acomodar corpos, urnas cinerárias (columbários) ou receptáculos com ossos (ossuário). A manutenção é mais frequente e efetiva, e o formato de “gavetas” facilita o manuseio quando necessário.

Jazigos compartilhados e outras opções de menor custo

Os jazigos compartilhados têm surgido como uma alternativa de menor custo para famílias que desejam ter um local de descanso final para seus entes queridos, mas não têm recursos financeiros para adquirir um jazigo individual. Essa prática é comum em cemitérios e oferece uma opção mais econômica.

Ao compartilhar o espaço com outras pessoas, os custos são divididos, tornando o sepultamento mais acessível para famílias de diferentes condições financeiras. Além disso, o jazigo compartilhado permite que as famílias mantenham a proximidade entre seus entes queridos, facilitando as visitas e a preservação da memória familiar.

Outra opção de menor custo são os jazigos temporários. Diferentemente dos perpétuos, os jazigos temporários são adquiridos por um período determinado, geralmente variando entre 3 e 10 anos. Ao final do período, os restos mortais são exumados, e a família pode optar pela cremação ou pela transferência para um ossuário.

É importante ressaltar que, ao considerar essas alternativas, as famílias devem avaliar cuidadosamente suas necessidades e preferências. Cada opção tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha deve levar em conta fatores como custo, praticidade e valores pessoais. Com o aumento da demanda por alternativas mais econômicas e sustentáveis, é provável que o mercado continue a evoluir, oferecendo novas opções para atender às necessidades das famílias em luto.

Conclusão

A análise da evolução dos preços dos jazigos perpétuos na última década revela um cenário complexo e desafiador. O aumento significativo dos custos, influenciado pela valorização imobiliária e pela escassez de espaços em áreas urbanas, tem levado muitas famílias a buscar alternativas mais acessíveis. A cremação e os cemitérios verticais ganharam popularidade, oferecendo opções mais econômicas e sustentáveis para o sepultamento.

As mudanças no mercado funerário refletem não apenas transformações econômicas, mas também culturais na forma como lidamos com a morte e a memória. Enquanto os jazigos perpétuos tradicionais continuam a ser valorizados por alguns como investimentos de longo prazo, opções mais flexíveis e econômicas estão ganhando espaço. Esta tendência provavelmente continuará a moldar o setor funerário nos próximos anos, com um foco crescente em soluções que equilibram custo, praticidade e respeito às tradições familiares.

autor

Picture of Redação Ciclo Assist

Redação Ciclo Assist

Todos os posts

compartilhe

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Pinterest

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

quem leu este post leu também

Lei Sobre Cremação: O Que Você Precisa Saber Para Ser Cremado

0

Jazigos Perpétuos: Ficaram Mais Caros ou Mais Baratos em 10 anos?

0

Jazigo: Um Imóvel ou Apenas Uma Opção de Sepultamento? Descubra Aqui!

0

Impactos Positivos e Negativos da Tecnologia na Saúde Mental dos Idosos

0